Ribamar Bernardes

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axilas

axilas

o poema está dentro de mim

e não é bem assim

não é metáfora 

são como vespas procurando casulo

sao como vacas procurando estrebaria

é uma eterna procura

e não há usura em nossos negócios 

não há prejuízo para a alma 

nem para o que a acalma

vejo TV

bebo cerveja

e ouço beethoven

tudo para esquecer a loira dos meus sonhos juvenis

tudo por um drops de anis

já que meu creme dental acabou

e o gosto do marlboro se empregnou

em minha boca sacrosanta

eu seria uma anta se acreditasse em novelas e gibis

acredito na vida de tereza perdida

perdida na avenida manoel ribas

catando papelão  ao lado  seu risonho cão

todos os cães merecem um céu

toda a língua merece o toque do mel

na vagina flácida da mulher de rua

toda sua  por trinta pratas

as traças carcomeram meu livro de poemas sujos de bukowski

não faz mal  leio o livro aos pedaços

pois ele foi homem a viver dos nacos da sociedade americana

assim também sou eu

a poesia habita minhas axilas empodrecidas

distante de um desodorante viciante há anos

que saiam de perto os poetas emplumados

com seus cheiros de perfume 

sou desses malditos desterrados

mas tenho asas  sou alado