axilas
o poema está dentro de mim
e não é bem assim
não é metáfora
são como vespas procurando casulo
sao como vacas procurando estrebaria
é uma eterna procura
e não há usura em nossos negócios
não há prejuízo para a alma
nem para o que a acalma
vejo TV
bebo cerveja
e ouço beethoven
tudo para esquecer a loira dos meus sonhos juvenis
tudo por um drops de anis
já que meu creme dental acabou
e o gosto do marlboro se empregnou
em minha boca sacrosanta
eu seria uma anta se acreditasse em novelas e gibis
acredito na vida de tereza perdida
perdida na avenida manoel ribas
catando papelão ao lado seu risonho cão
todos os cães merecem um céu
toda a língua merece o toque do mel
na vagina flácida da mulher de rua
toda sua por trinta pratas
as traças carcomeram meu livro de poemas sujos de bukowski
não faz mal leio o livro aos pedaços
pois ele foi homem a viver dos nacos da sociedade americana
assim também sou eu
a poesia habita minhas axilas empodrecidas
distante de um desodorante viciante há anos
que saiam de perto os poetas emplumados
com seus cheiros de perfume
sou desses malditos desterrados
mas tenho asas sou alado