carícia no mar
eu vi a noite cair no mar
eu vi o crepúsculo se deitar
as impurezas do vício
de nascimento de ofício
nas impurezas do início
com barba pouca
e inquietude muita
atitude de quem sente o suor escorrer pelas orelhas
diante de algo que considera importante
um instante a decidir uma vida
(essas gotas de suor não param de deslisar corpo
abaixo)
é ataque no nervo do primeiro dia
destruindo a parede que o separava dos adultos
sanguentos adultos
a matar porcos e galinhas
medo de virar adulto
astuto
com medalha de ouro no peito cravejado de
brilhantes
e de diamante já foi o olhar teu
assim como tua língua era pura carícia
não exitava em sacrificar meus deuses
por tuas delícias
estava pronto ao gozo celeste
que me levaria até ao deus enfermo
de ver tanta tristesa em seu doce mundo
um mundo absurdo
a fazer murchar os caminhos que o perseguem
um mundo que apaga o brilho da noite ao cair no mar
um mundo que não vê o crepúscuçlo se deitar
ao redor de um vale solitários pescadores mantém o
ritual
nada mal para este inválido mundo amoral
estamos perdidos e caídos em trevas
mas o noticiário das sete diz que tudo é normal
invadimos marte
e em qualquer parte penetramos nossa melancolia no
universo
eu fico no meu recanto medindo o verso
fabricando o poema
não falem comigo enquanto estiver fabricando meu
poema
ele tem problema não gosta de contatos asperezas
mas vê beleza no mangue
em que estamos paralizados calados
mortos com beleza nos olhos mortos falantes
com muitas histórias na ponta da língua já roxa e
necrosada
somos seres mortos
habitando um vale vivo vale das lágrimas eternas
dos santos enforcados
lágrimas nas casas incendiadas por motivo de espada
e nada do que eu digo aqui do meu recanto faz
sentido
também busco abrigo
longe de mim
eu sou assim