Ribamar Bernardes

coisas de casal

coisas de casal

 

 

quebrei minha costela

e o maxilar daquela cadela

tudo por causa dela e

umas dezesseis doses de aguardente

sei que em mim bate um coração decente

e nas noites de inverno de abril  

faço canção estridente

morro de amores por você  cristina

minha menina de motel

a fazer meu céu rabiscado num papel

parecer mais belo

e se enterro minha narina  cristina

num prato de cocaína

é porque sinto você mais perto do sol do meio dia 

 

minha fatia de sono é dourada

e seus delicados pés cruzam a estrada

(também dourada)

e vou trafegando

meio sem jeito

meio torto

meio roto

meio caído

sentindo os toques da fada

não querendo mais nada 

 

ainda lembro daquela noite em maio de oitenta e seis

perdi a costela

espanquei a cadela

tudo se deu no bar

e a sequência no meu lar

onde o arco íris pousa de mansinho

e devagarinho sou agredido pelo amor