decreto mundo poesia II
dedos inocentes penetram vaginas cariadas é poesia
o medo estampado no rosto do criminoso é poesia
a dúvida calejando o ouvido é poesia
o esgoto onde navegam ratos e sapos é poesia
a comida embolorada e podre é poesia
o chão carcomido pelo verme é poesia
a falta de coragem dos fanáticos do tempo é poesia
a morte vestida de branco no último copo de whisky é poesia
as calçadas onde as crianças brincam e são atropeladas
por carros bêbados é poesia
a alegria dessas mesmas crianças a rodopiar
ao vento é poesia
as folhas e a beleza das árvores decepadas sufocadas martirizadas é poesia
o sangue a última gota de sangue a escorrer na pele
do suicída é poesia
tudo é poesia
você é poesia