final de setembro
final de setembro
da tristeza
brotou a lágrima
da lágrima a dor
e o pavor diante das baratas voadoras persiste
insiste em divertir as crianças
lembranças
de quando o sonho estava próximo
quando chernobyl não existia
eu não resistia
brincava de mangueira no tépido janeiro
é lógico a lágrima é metáfora tormento
seria eu mesmo um jumento?
encasquetando minhocas no cerebelo
enrolando cabelos nos testículos
se é apenas isso
uma viagem um padre um crucifíxo
sem saber o porquê nem aonde
é um passo na corda bamba
no escuro
a trezentos quilômetros por hora
a fórmula um da linguagem
o estacionamento a garagem
repouso do guerreiro
de corpo inteiro
na via cor-de-rosa
nos mosteiros de paris
e o olor do chocolate nos lembra
uma tarde gris