seminal
encaro a escuridão com fome de lobo
escuto baratas nos meus tornozelos
(estou armado de spray)
no apartamento ao lado
mulher branca
se diverte
praticando
sexo anal
no teto
há rachaduras maduras
no chão há besouros há ácaros talvez também
escuros
e no escuro acontecem as melhores coisas desse
planeta
como mastigar o seio da velha prostituta
como maridos viciados em pornografia
como estas minhas baratas que perderam
o medo do veneno
acham que o mundo é doce
e querem mais
eu jamais
sou tímido
usado
fraco
cansado
não tenho serventia
não trago alegria
sou poeta
me deixem quieto
estou a completar
um verso...
na escuridão meu amor
descobri a cor de tua ausência
e como mata
de braços brancos e longos
te colori
abracei
e beijei
teu lenhador solitário
poeta
sonâmbulo
e místico
me despeço em dísticos
escapou tua luz
ví
como era pesada
minha cruz